Será que depressão e ansiedade são sinais de fraqueza? Que grandes líderes, homens e mulheres de negócio, nunca ficam ansiosos ou sentem-se deprimidos? Pessoas maduras, ricas, famosas, saudáveis são imunes à esses sentimentos?
Sabemos que não.
Além disso, ainda sabemos que é possível controlar a ansiedade. Explico mais sobre isso neste material, disponível para download: Ansiedade sob Controle.
A sociedade moderna infelizmente tem uma tendência a ver superficialmente todas as mazelas emocionais que carregamos e, pior ainda, a racionalizar problemas que são puramente do coração.
Aqueles que sofrem com os sintomas da depressão e ansiedade, além de lidarem com os problemas da própria condição, ainda têm de lidar com a falta de compreensão e até preconceito por parte da sociedade.
Nesse post você vai aprender:
- Emoção não é controlada por razão;
- Porque conhecer a causa não significa nada;
- Possíveis sintomas da depressão e ansiedade;
- Uma técnica infalível para equilibrar coração e razão.
É possível escolher não sentir?
Podemos controlar nossos sentimentos ou emoções? Controlar quem amamos, esquecer uma paixão ou apagar uma tristeza?
Infelizmente a resposta é não.
Aqueles que insistem que sim, que é possível esquecer e controlar as emoções, na verdade estão camuflando aquilo que os incomoda.
Estão tentando colocar “debaixo do tapete”, pensando que, se não está a vista, a situação não existe.
O mesmo vale para aqueles momentos onde não estamos nos sentindo bem com alguma coisa.
Procuramos conselho com amigos e parentes, que repetem o velho discurso “a vida é bela”, “não é para tanto”, “levante-se”, “você não tem razões para chorar”, “comece a amadurecer”, e tantas outras frases prontas de motivação.
O que este amigo ou parente não sabe – apesar das boas intenções – é que os problemas emocionais não dependem de uma escolha racional direta, tampouco do controle de quem os sente.
Uma pessoa não pode escolher ter ou não depressão, por exemplo.
As feridas e desconfortos emocionais simplesmente surgem – inesperadamente – e muitas vezes nada têm a ver com fatores externos à pessoa.
O resultado depende da causa?
Como falei, existe na sociedade moderna uma falsa crença de que a ansiedade e a depressão são sinais de fraqueza e de incapacidade do indivíduo diante da própria vida.
Com esse conceito em mente, imagina-se que agir proativamente evitará com certeza qualquer desequilíbrio emocional, e que conhecendo a aparente razão ou causa do problema nos fará evitá-lo ou sair dele.
Vou dar um exemplo: você pode estar se sentindo deprimido porque foi demitido, mas mesmo sabendo da causa (a demissão) o sofrimento não vai embora.
Ou, ainda, você pode estar se sentindo ansioso porque mudará de cidade, mas mesmo sabendo da causa (a mudança) o sofrimento permanece ali.
Nisso entram em colapso as várias teorias analíticas, que passam meses ou anos avaliando o problema de uma pessoa, para então dar uma provável causa.
Como: “Ah! Você sofre de depressão porque seus pais agiram daquela forma”.
Ou então: “você sofre da síndrome de ansiedade generalizada porque não perdoa o fulano.”
Novamente, não!
Na grande maioria das vezes o seu atual sofrimento se trata do acúmulo de inúmeras repetições emocionais que reforçam umas às outras.
E problemas, desconfortos ou desequilíbrios emocionais fazem parte de uma vida saudável, e não o contrário, como prega a sociedade moderna do espetáculo.
Uma pessoa que vive saudavelmente em um mundo conturbado com certeza terá revezes ou escorregões, e muitas vezes cairá e ficará deitado no chão.
Isso não é, de forma alguma, sinal de fraqueza: é um sinal de humanidade.
Sintomas de depressão e ansiedade
A ansiedade e a depressão normalmente andam lado a lado.
Existe uma grande tendência de uma pessoa “hiper” ansiosa começar a apresentar melancolia, cansaço, dores corporais e, finalmente, desenvolver um quadro de depressão.
Podemos assimilar o que acontece nas emoções humanas quando expostas à ansiedade extrema a uma volta de montanha-russa:
Você pode, de repente, perceber a respiração ofegante, o coração acelerado, uma necessidade inquietante de ler, correr ou fazer qualquer coisa. Talvez você até sinta que é capaz de realizar tudo e conquistar o mundo.
Até que algo acontece (você chega ao topo da montanha russa) e você cai.
No início é uma tristeza normal, sem grandes impactos. Você vai ao cinema, come um chocolate e pode até pensar que resolveu a situação.
Mas novamente você começa a subir a montanha russa e, quanto mais sobe, mais sente adrenalina e uma aparente felicidade. E a caída é ainda maior. Mais tristeza, mais solidão, menos esperança.
A tendência é esse zigue-zague continuar por um longo tempo, até que a pessoa sinta-se tão pesada e cansada que não há mais forças para continuar a subir.
É como se o mundo fosse envolvido numa profunda noite escura.
Os amigos se tornam chatos. O cinema não tem mais graça e o chocolate só engorda!
Tudo irrita e deixa triste. E o pior, ninguém entende e julga achando que é “frescura” e que você pode sair dessa, assim como entrou.
A gota d’água
Na terapia entendemos que todos os problemas emocionais são apenas o acúmulo de inúmeras emoções semelhantes, repetidas ao longo da vida.
E tanto a depressão quanto a ansiedade são apenas uma forma da mente expressar um padrão interno saturado, tal qual um copo cheio que transborda.
Questões mal resolvidas, antes no fundo do copo, vêm à tona.
É claro que problemas emocionais não são uma escolha racional: ninguém acorda e diz a si mesmo “Hoje eu quero me sentir no fundo do poço!”.
E também é óbvio que tais sintomas não são pertencentes a pessoas fracas, “frescas” ou preguiçosas: na verdade, aqueles que experienciam a depressão e ansiedade são pessoas que se mostram resilientes e fortes por arcar com a pressão dessas condições, muitas vezes por anos até que procurem tratamento adequado.
As condições são apenas a “gota final” de uma mente saturada de repetições negativas, que foram se acumulando ano após ano e que, de repente, eclodem em nossa vida.
Como equilibrar as emoções?
Da mesma forma que não ignoramos uma dor nos dentes, não deveríamos ignorar as dores emocionais.
É uma ilusão pensar que estas dores simplesmente somem porque queremos que assim seja.
Na verdade, olhar para o desconforto pode ser inteligente: por mais dolorido que seja, podemos encarar a dor emocional como um aprendizado, de modo que aquilo possa ser evitado ou aliviado no futuro.
Ou seja, devemos procurar um caminho que nos ajude e nos proporcione estratégias para fazer frente a esta grande dor emocional causada pela ansiedade e pela depressão.
Assim, com base na minha experiência prática após centenas de atendimentos, gostaria de compartilhar alguns segredos, simples e efetivos, que possam auxiliar a prevenir ou diminuir desconfortos emocionais:
- Reserve um minuto por dia para apenas respirar. Não olhe para o celular, não veja televisão, nem leia um livro.
- Apenas feche os olhos e respire;
- Ande descalço no gramado ou terra fofa;
- Converse com alguém que entenda do seu problema, mas não para julgar, apenas para trocar ideias;
- Faça um exercício físico de intensidade moderada;
- Policie-se para parar de reclamar e encontrar problemas nas coisas e pessoas e concentre-se mais em sua felicidade.